A Saúde em Goiânia enfrenta uma grave crise que se arrasta há meses. Falta de ambulâncias no SAMU, escassez de médicos em UPAs e Cais, e a insuficiência de leitos de UTI são apenas alguns dos problemas que têm penalizado a população. Na atenção básica, a situação também é crítica, com carência de recursos financeiros, profissionais e insumos. Como resultado, cidadãos passam horas em filas em busca de atendimento.
Nas últimas semanas, a crise atingiu um ponto alarmante, com pelo menos quatro mortes registradas enquanto pacientes aguardavam transferência para Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Diante desse cenário, a equipe de transição do prefeito eleito, Sandro Mabel, realizou reuniões emergenciais para buscar soluções.
Em um desses encontros, que contou com a presença do Secretário Estadual de Saúde, Rasível Santos, do então Secretário Municipal de Saúde, Wilson Pollara, e de membros da equipe de transição, foram definidas ações imediatas para amenizar a situação. Entre as medidas anunciadas por Sandro Mabel, está a abertura de pelo menos 30 leitos de UTI nos próximos dez dias.
No entanto, apenas dois dias após a reunião, uma operação do Ministério Público de Goiás (MPGO) resultou na detenção de Pollara, do secretário executivo da Saúde, Quesede Ayres Henrique, e do diretor financeiro, Bruno Vianna Primo. Os três são suspeitos de associação criminosa e irregularidades em contratos administrativos na Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
As prisões aumentaram o desgaste político do prefeito Rogério Cruz, que já vinha enfrentando críticas desde o início de sua gestão. Durante a crise, Cruz foi amplamente criticado por sua ausência e por só reaparecer publicamente em uma coletiva para nomear uma secretária interina de Saúde. Sua gestão ficou marcada por escândalos, incluindo a instauração de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg).
A deterioração de sua imagem culminou em uma derrota humilhante nas urnas, ficando na penúltima posição nas eleições. A crise na saúde se agravou quando foi revelado que Pollara havia solicitado que o Hospital Jacob Facuri adiasse a suspensão de internações pelo SUS até o fim do período eleitoral, devido à falta de pagamentos. Atualmente, a dívida da Prefeitura de Goiânia com hospitais particulares e filantrópicos ultrapassa R$ 250 milhões, segundo o MPGO, comprometendo ainda mais os serviços de saúde na capital.
A gestão de Rogério Cruz não apenas falhou na saúde, mas também na administração de resíduos, nas contas públicas e, sobretudo, com os moradores de Goiânia. Sua ausência em momentos críticos e a tentativa de justificar a inércia com a frase “eu nunca parei de trabalhar” deixam dúvidas sobre o real comprometimento do prefeito com a cidade.
Para muitos, fica a impressão de que Rogério Cruz nunca trabalhou verdadeiramente por Goiânia.