Temos uma primeira-dama que quer ser ministra da Comunicação
Desde o início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, a atuação de sua esposa, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, tem gerado controvérsias dentro e fora do governo. Embora seja legítimo que uma primeira-dama busque maior protagonismo em pautas sociais, as ações de Janja frequentemente ultrapassam os limites de seu papel tradicional, causando atritos com lideranças políticas e membros do governo, incluindo o Ministério das Comunicações.
Janja tem sido vista como uma figura central não apenas na vida pessoal do presidente, mas também em decisões e comunicações institucionais. Por exemplo, em momentos de sensibilidade política, como durante os problemas de saúde de Lula, ela tem assumido a liderança das informações divulgadas, gerando críticas de que estaria ocupando funções que deveriam ser desempenhadas por ministros e porta-vozes oficiais. Essa postura ofusca figuras como o Ministro das Comunicações, que, em teoria, deveria ser o responsável pela gestão estratégica das informações públicas do governo.
Além disso, sua crescente presença nos holofotes não passou despercebida. Janja já interferiu em escolhas ministeriais, como no veto à indicação de Pedro Paulo para o Ministério do Turismo, e mantém um gabinete no Palácio do Planalto, o que alimenta a percepção de que ela desempenha um papel político não eleito e, por vezes, conflitante com outros líderes do PT. Analistas sugerem que sua atuação desordenada e o estilo centralizador têm gerado instabilidade interna no governo e críticas de figuras influentes da esquerda, como Gleisi Hoffmann e Ciro Gomes.
Embora seu discurso inicial tenha prometido ressignificar o papel da primeira-dama, o excesso de protagonismo e a falta de alinhamento com os papéis institucionais estabelecidos levantam questionamentos sobre os limites de sua atuação. Para o governo Lula, evitar a politização excessiva de sua figura e preservar a autonomia dos ministérios será essencial para não comprometer sua gestão. A presença de Janja pode ser uma oportunidade de inovação, mas é crucial que se mantenham as responsabilidades claras e o foco na eficiência governamental.
A internação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou que o Governo Lula (PT) possui hoje uma comunicação confusa e uma primeira-dama que quer assumir o comando da pasta, opinou o colunista Tales Faria no UOL News, do Canal UOL, nesta quinta-feira (12).
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E não é à toa que está confusa, né? O fato é que, na verdade, você está com um ministro da [Secretaria de] Comunicação praticamente demissionado e uma primeira-dama querendo ser ministra. Aí fica complicado.
As notícias sobre o estado de saúde de Lula estão sendo repassadas à imprensa pelo médico do presidente, Roberto Kalil, sem a participação da Secom, conforme apurou a reportagem. O Ministro da Secom, Paulo Pimenta, negou e disse ao UOL que a decisão foi tomada pela pasta e por Lula.
É opinião quase geral que a Janja tem o direito de ser uma pessoa com influência no governo, não só por ser mulher [de Lula], mas porque ela é capacitada. Então que ela tem certo direito, mas está um pouco além, não faz sentido ela participar do convívio, do contato, entre jornalistas e médicos.
Fica difícil para o próprio ministro. É difícil ser ministro e não ter autonomia. Concordam?