Dados recentes do Banco Central apontam um panorama preocupante para os gestores municipais que assumem em 2025. Embora o setor público consolidado – que inclui União, estados, municípios e estatais – tenha alcançado um superávit primário de R$ 36,8 bilhões em outubro, os governos municipais registraram um déficit de R$ 3,6 bilhões no mesmo período. Esse número contrasta negativamente com o déficit de R$ 1,4 bilhão registrado pelos municípios em outubro do ano anterior.
2025: Um Cenário de Ajustes Fiscais
O especialista em orçamento público, Cesar Lima, avalia que o próximo ano será particularmente desafiador para os novos prefeitos. Ele destaca que medidas como o enxugamento da máquina pública serão cruciais para reverter o cenário atual.
“O déficit geralmente ocorre devido ao crescimento de despesas obrigatórias, especialmente em anos eleitorais, com foco nas despesas de pessoal. Muitos gestores inflacionam a máquina pública para ganhar apoio eleitoral. Aqueles que assumirem agora ou se reelegerem precisarão cortar gastos para recuperar a capacidade de investimento”, explica Lima.
Promessas de Campanha em Xeque
Segundo Vladimir Maciel, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o primeiro ano de mandato costuma ser marcado por ajustes fiscais.
“Os prefeitos terão pouca margem de manobra para cumprir promessas de campanha. Os dois primeiros anos serão dedicados a ajustes fiscais para viabilizar projetos de maior impacto nos anos finais do mandato”, afirma.
Cenário Fiscal de 2023
A situação fiscal dos municípios já apresentava sinais críticos em 2023. Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostram que 51% das cidades encerraram o primeiro semestre daquele ano com déficit primário. O problema era mais grave nos municípios de pequeno porte, onde 53% estavam no vermelho, enquanto entre os de médio e grande porte esse percentual era de 38%.
Desafios e Oportunidades
Com o início de 2025, os novos prefeitos enfrentarão o desafio de equilibrar as contas públicas sem prejudicar a qualidade dos serviços oferecidos à população. Adotar estratégias sustentáveis e priorizar a eficiência administrativa será fundamental para superar a crise fiscal e recuperar a capacidade de investimento.