Marconi disse que alertou Lula sobre o mensalão, hoje é investigado. Ironia?
Lá em 2006, o então governador licenciado de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi à Polícia Federal com um ar de arauto da moralidade.
Com ares de justiceiro, reafirmou que havia contado pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os rumores do mensalão, aquele escândalo que abalou Brasília e virou sinônimo de corrupção política.
Perillo se dizia indignado e, segundo seu relato, teria feito sua parte ao alertar o presidente Lula, que garantiu tomar as devidas providências (spoiler: não tomou).
O caso veio à tona por meio de uma carta enviada ao Conselho de Ética da Câmara, onde Perillo narrou sua epopeia de integridade.
No documento, ele afirmava que, ao ouvir rumores de que parlamentares estavam recebendo mesadas para trocar de partido, levou o caso ao “magistrado supremo do país”. Segundo Perillo, Lula demonstrou surpresa (e quem não demonstraria?), mas, sem provas concretas, o governador decidiu que sua missão investigativa terminava ali.
O tempo passou, a roda girou e, agora, Perillo não está mais no papel de delator — mas no de investigado.
O outrora indignado com a corrupção foi alvo da Polícia Federal em operações que investigam esquemas milionários em Goiás.
Marconi disse que alertou Lula sobre o Mensalão e hoje é investigado
Pois é, o mesmo Perillo que um dia se vestiu de defensor da ética se viu envolvido em investigações sobre fraudes em contratos públicos. A ironia política não poderia ser mais trágica (ou cômica, dependendo do ponto de vista).
Em um enredo digno de novela, aquele que apontava o dedo para os corruptos agora precisa se explicar.
O tempo mostrou que a política tem dessas ironias: um dia, você denuncia; no outro, está na mira das denúncias.
E assim segue o Brasil, onde os personagens mudam, mas os escândalos continuam os mesmos.

De novo: Presidente do PSDB Marconi Perillo é alvo de operação da PF (06/02) sobre desvio de recursos da saúde
Marconi Perillo: Da Ascensão ao Alvo da Polícia Federal – O investigado.
Marconi Perillo nasceu em 1963, em Goiás, e iniciou sua carreira política no final da década de 1980. Filiado ao PSDB, construiu sua trajetória como um dos principais líderes políticos do estado.
Os Primeiros Passos
- Em 1990, foi eleito deputado estadual por Goiás.
- Em 1994, conquistou uma vaga como deputado federal, destacando-se no Congresso.
Governador de Goiás (1999-2006)
- Em 1998, surpreendeu ao ser eleito governador de Goiás pelo PSDB, derrotando Iris Rezende (PMDB), um dos políticos mais tradicionais do estado.
- Reelegeu-se em 2002 e governou até 2006, quando se licenciou para disputar uma vaga no Senado.
- Durante esse período, foi considerado um dos governadores mais influentes do PSDB.
Senador e Retorno ao Governo (2007-2018)
- Em 2006, foi eleito senador e permaneceu no cargo até 2010.
- Em 2010, voltou ao governo de Goiás ao vencer as eleições, sendo reeleito em 2014.
- Durante seu terceiro e quarto mandatos, enfrentou desafios como crise financeira no estado e denúncias de corrupção.
As Investigações e o Declínio Político
- Em 2012, Marconi Perillo foi citado na CPI do Cachoeira, suspeito de ligação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
- Em 2018, foi alvo da Operação Cash Delivery, da Polícia Federal, suspeito de receber propinas de empresas envolvidas em esquemas de corrupção.
- Após deixar o governo, viu seu poder político diminuir e não conseguiu se eleger senador em 2018 e 2022.
Hoje, Perillo segue tentando recuperar espaço político, mas com sua imagem desgastada pelas investigações. Seu caso é um dos exemplos de como a política brasileira pode transformar aliado em investigado em questão de anos.
Reflexão
Marconi Perillo, um político analógico em tempos digitais, insiste em fórmulas ultrapassadas. As redes sociais, que renovam lideranças, não resgatarão sua imagem desgastada. O algoritmo do eleitor mudou, e curtidas não apagam escândalos. O passado pesa mais que qualquer post.