Bolsonaro enfrenta resistência interna para 2026, enquanto lideranças da direita buscam alternativa

Bolsonaro mesmo inelegível, insiste em manter sua candidatura, o que gera temor entre dirigentes partidários e parlamentares sobre o impacto dessa decisão nas chances da direita no próximo pleito.

A recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que coloca Bolsonaro no centro de uma suposta tentativa de golpe e pode resultar em condenação criminal em 2025, aumentou o desconforto nos bastidores políticos. O receio é que uma eventual condenação fragilize ainda mais sua influência política e divida o campo conservador.

Aliados do ex-presidente avaliam que sua estratégia pode se tornar um obstáculo para a consolidação de uma candidatura competitiva da direita. A principal tese entre lideranças é que um eventual indulto só seria viável caso um candidato alinhado ao bolsonarismo fosse eleito. Por isso, defendem a unificação de uma candidatura de direita até o final de 2024, garantindo tempo hábil para estruturar uma campanha nacional.

Entre os nomes cotados como alternativa estão Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, que teria indicado a aliados que só disputaria a presidência se Bolsonaro solicitasse, mas que prefere buscar a reeleição. Outros nomes cogitados incluem Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais.

Nos bastidores, Bolsonaro tem rejeitado a ideia de indicar um sucessor, vendo tal sugestão como traição. Essa resistência também se reflete em sua base de apoiadores, que rejeitam a discussão sobre uma candidatura alternativa. Qualquer tentativa de levantar o tema tem sido alvo de ataques nas redes sociais, reforçando a narrativa de que apenas Bolsonaro seria capaz de liderar a direita em 2026.

Insistência em vão igual Lula em 2018

Fontes próximas ao ex-presidente comparam sua situação à de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, quando o petista manteve sua candidatura até ser barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), forçando uma decisão de última hora por Fernando Haddad. Para aliados, a direita não pode repetir esse erro e precisa definir um nome forte com antecedência para capitalizar o desgaste do governo Lula.

Veja aqui: 2018 – TSE Barra candidatura de Lula

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Bolsonaro, por sua vez, aposta na pressão popular e no apoio de líderes internacionais, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, para manter sua candidatura até o momento do registro eleitoral. Para a vice-presidência, ele tem cogitado um nome dentro de sua própria família, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) surgindo como principal opção. Também mencionou a possibilidade de Michelle Bolsonaro (PL) disputar a presidência, desde que fosse indicada ministra da Casa Civil, embora essa hipótese seja considerada improvável por seus aliados.

Nos últimos meses, Bolsonaro tem demonstrado resistência ao fortalecimento de outros nomes dentro da direita. Já fez críticas a Ronaldo Caiado e afirmou que Romeu Zema não tem projeção nacional. Em relação a Tarcísio, seu aliado mais próximo, tem reforçado a ideia de que a candidatura em 2026 deve ser a sua.

Bolsonaro

Apesar disso, algumas lideranças buscam alternativas e desafiam a influência de Bolsonaro. Um exemplo ocorreu nas eleições municipais de São Paulo, quando o influenciador Pablo Marçal (PRTB) conquistou uma parcela do eleitorado bolsonarista, contrariando a estratégia do ex-presidente. Mais recentemente, Bolsonaro enfrentou resistência ao se opor ao pedido de impeachment de Lula, promovido por setores da direita. Deputados como Nikolas Ferreira (PL), uma das principais lideranças emergentes do bolsonarismo, seguiram defendendo o afastamento do petista, divergindo publicamente da estratégia do ex-presidente.

Com o cenário ainda indefinido, a direita enfrenta um dilema: seguir apostando na liderança de Bolsonaro ou consolidar um novo nome para 2026. A disputa interna pode definir o futuro do campo conservador no Brasil e seu potencial de enfrentar o atual governo.

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