Presidente saudou a Nísia pelo trabalho à frente do Ministério da Saúde desde o início de seu terceiro mandato. Planalto informa que nomeação de Padilha será em 6 de março
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na tarde desta terça-feira (25/2) com a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Na ocasião, comunicou a ela a substituição na titularidade da pasta, que passará a ser ocupada pelo atual ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a partir da posse marcada para a quinta-feira, dia 6 de março. O presidente agradeceu à ministra pelo trabalho e dedicação à frente do ministério. A reunião entre Lula, Nísia e Padilha para oficializar a troca ministerial ocorreu na tarde desta terça.
Antes, pela manhã, a ministra participou junto com todo seu secretariado de cerimônia ao lado do presidente, no Palácio do Planalto, em que foi anunciado acordo para produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue. A partir de 2026, serão 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação conforme a demanda e a capacidade produtiva.
A iniciativa integra uma estratégia de fortalecimento da indústria brasileira, para dar autonomia e buscar novas soluções para o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é atender a população elegível pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027, que contempla a população de dois anos a 59 anos. O investimento total na parceria é de R$ 1,26 bilhão, com auxílio do Novo PAC. Também estão previstos R$ 68 milhões para aplicar em estudos para ampliar a faixa etária alcançada e avaliar a possibilidade de coadministração com a vacina contra a chikungunya.
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O destino de Nísia Trindade
Após demitir Nísia Trindade do comando do Ministério da Saúde, o presidente Lula avalia indicar a agora ex-auxiliar para alguma função em organismos internacionais da área.
Segundo apurou a coluna, Nísia poderá ser indicada pelo governo para um cargo na Organização Mundial da Saúde (OMS) ou na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Segundo auxiliares presidenciais, apesar de ter fritado Nísia e de tê-la demitido, Lula tem apreço pela ex-ministra da Saúde e reconhece que ela seria um “excelente” quadro técnico.
A eventual indicação de Nísia para um organismo internacional, porém, não deve ser agora. Nos próximos dias, ela deve fazer a transição para Alexandre Padilha e tirar um período férias.
Após o descanso, Nísia deve voltar para a Fundação Fiocruz, de onde é servidora concursada. A ex-ministra, inclusive, chegou a presidir a entidade durante o governo Bolsonaro.
Lula mudou outros ministros
Em fevereiro de 2024, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários enviaram um requerimento formal a Nísia para cobrar a liberação de emendas parlamentares na Saúde. Em resposta, a pasta disse que seguia “critérios técnicos”.
Na manhã desta terça (25), quando os rumores de uma troca no Ministério da Saúde já se avolumavam, Lula e Nísia comandaram uma solenidade para anunciar projetos na área de fabricação nacional de vacinas. Nísia foi bastante aplaudida ao ser anunciada ao microfone – veja abaixo:Reproduzir vídeo
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A perigo no cargo, ministra Nísia Trindade, da Saúde, é aplaudida em evento no Planalto
Apoio no Congresso e crises internas
A saída de Nísia nesta terça marca a oitava troca de comando em ministérios no atual mandato.
A maior parte dessas mudanças atendeu a uma entre duas motivações principais: tentar ampliar o apoio ao governo (no Congresso ou no eleitorado) ou resolver uma crise criada pelo próprio governo.
Para conseguir votos no Congresso, o governo ampliou gradualmente a presença dos partidos do chamado “Centrão”, e até de siglas de direita, na Esplanada dos Ministérios:
- no Turismo, trocou Daniela do Waguinho (ex-Republicanos, atual União-RJ) por Celso Sabino (PSD-PA);
- nos Esportes, tirou Ana Moser (sem partido) para colocar André Fufuca (PP-MA);
- nos Portos e Aeroportos, Lula abrigou Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) – e aí, criou o Ministério de Micro e Pequenas Empresas para remanejar Márcio França (PSB-SP).
Para conter crises e tentar resgatar a popularidade perdida com setores do eleitorado, foram outras três trocas:
- no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias deu lugar ao também general Marcos Antônio Amaro em maio de 2023, após vídeos mostrarem Dias circulando entre os vândalos do 8 de janeiro de 2023;
- no Ministério dos Direitos Humanos, Silvio Almeida foi demitido em 2024 em meio a acusações graves de assédio moral e sexual e deu lugar a Macaé Evaristo – ambos, com pouca ligação partidária e mais vinculados à academia e aos movimentos sociais;
- na Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta saiu em janeiro deste ano para dar lugar ao marqueteiro Sidônio Palmeira, em uma tentativa de renovar a comunicação do governo e tirar a popularidade de Lula do ponto mais baixo já registrado em três mandatos.
A única mudança que escapou a esse padrão foi a de Flávio Dino. Senador eleito em 2022, o político comandou o Ministério da Justiça em 2023, mas foi indicado por Lula para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em substituição, Lula escolheu o ministro aposentado do STF Ricardo Lewandowski, que chefia a pasta desde então.
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O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante entrevista no Itamaraty — Foto: Guilherme Mazui/g1
Alexandre Padilha
Nome de confiança de Lula, Alexandre Padilha foi escalado no começo do governo como ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), responsável pela articulação do Planalto junto ao Congresso Nacional.
Padilha, que é deputado federal pelo PT (SP), já havia ocupado o mesmo cargo no segundo mandato de Lula. Médico infectologista, doutor em Saúde Pública e professor universitário, também foi ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014. Na sua gestão foi criado o programa Mais Médicos.
Nísia achou que poderia escapar
Apesar de estar sendo fritada há dias, Nísia ainda tinha esperanças de que não seria demitida. Segundo aliados, dois fatores levaram a ministra a apostar que Lula poderia ter mudado de ideia
Um deles foi o evento sobre vacinas realizado no Palácio do Planalto nesta terça-feira (25/2). A leitura inicial de Nísia foi que o petista estaria dando mais uma chance a ela com a cerimônia.
Outro movimento que deu esperança a Nísia foi o pronunciamento que Lula fez na segunda-feira (24/2) na TV sobre o desempenho da Farmácia Popular, programa conduzido pelo Ministério da Saúde.
Nada disso, porém, adiantou. Horas após o evento sobre vacinas, Lula chamou Nísia para uma reunião no Planalto e demitiu a ministra. Na sequência, anunciou Padilha como novo titular da Saúde.
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