Ex-presidente chamou de “malucos” os organizadores ataques de 8 de janeiro. 65% das menções a Bolsonaro no X foram negativas
Em 10 de junho de 2025, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), momento que provocou forte reação nas redes sociais.
Depoimento e repercussão no X (Twitter)
- A monitoria da Arquimedes revelou que 65% das menções relacionadas ao inquérito no X foram negativas.
- Apenas 14% das menções mostraram apoio a Bolsonaro; 21% se mantiveram neutras, focando em cortes de áudio e memes.
- O momento mais comentado foi o pedido de desculpas do ex-presidente ao ministro Alexandre de Moraes por acusações feitas em 5 de julho de 2022.
Contexto das falas e retratações
- Em julho de 2022, Bolsonaro havia afirmado que os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso teriam recebido propina para sustentar a segurança das urnas.
- No depoimento recente, ele declarou: “Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Era uma reunião para não ser gravada… então, me desculpe.”
Repercussão e desmobilização da base
- Segundo o pesquisador Pedro Bruzzi, da consultoria Arquimedes, o tom conciliador de Bolsonaro desmotivou parte de seus apoiadores.
- Chamá-los de “malucos” — ao se referir aos organizadores dos ataques de 8 de janeiro — reforçou o desgaste com quem ainda estava disposto a defendê-lo.
Impacto político e social
- A queda de apoio sinaliza riscos para Bolsonaro em mobilizações futuras, especialmente se o tom permanecer ameno.
- Para especialistas, esse episódio indica que a base bolsonarista reage negativamente a gestos de arrependimento ou conciliação.
Malucos acampados
“Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… que os chefes das Forças Armadas jamais iam embarcar nessa só porque o pessoal estava pedindo ali“, afirmou o ex-presidente
Durante o interrogatório nesta terça, Bolsonaro foi questionado sobre as manifestações conta o resultado das eleições, e frisou que fez um vídeo pedindo a desobstrução das vias: “Se eu almejasse um caos no Brasil, era só ficar quieto”.
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Polícia Federal prende 49 envolvidos no atentado contra a democracia de 8 de janeiro de 2023 — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
“Nós repudiamos tudo isso aí. Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali, estimulando aquela baderna que nós repudiamos”, disse.
Ele também disse que, antes de viajar para os Estados Unidos, fez uma live em que afirmou que não queria confronto. Declarou que não estimulou que ninguém fizesse nada ilegal, e que esteve recluso no Alvorada.
Durante manifestações a favor do ex-presidente após o resultado das urnas, brasileiros foram às ruas com faixas pedindo por intervenção militar com Bolsonaro à frente do governo.
“Eu pacifiquei ao máximo que pude durante os dois meses de transição. Não teve estímulo da minha parte a fazer nada de errado. Obviamente, perdi a eleição, não convoquei ninguém pra fazer protestos, fazer qualquer coisa ilegal ou até mesmo legal. Eu simplesmente te fiquei recluso no Palácio da Alvorada”.
O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, frisou que gostaria de ouvir do ex-presidente se ele não atuou para desmobilizar os apoiadores que estavam acampados na frente de quartéis pelo país clamando por intervenção militar, que significava uma quebra de normalidade democrática.
“Alguns poucos falavam até em AI-5. Quantas vezes eu orientava o pessoal que chegava, em movimentos nossos pelo Brasil, eu chegava para quem estava com a placa do AI-5. Questionava: ‘O que é AI-5’. Eles nem sabiam o que era isso. Intervenção militar, isso não existe. É pedir pro senhor praticar o suicídio, isso não existe. Deixa o pessoal desabafar“.
“O que nós poderíamos fazer, uma intervenção muito forte. Se nós desmobilizássemos aquilo, poderia o pessoal ir na região aqui da Praça dos Três Poderes, o que é pior ainda. [É melhor] ficar lá, afastado“, seguiu Bolsonaro.
