Gilson Machado é investigado por supostamente tentar viabilizar um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, com o objetivo de facilitar sua saída do Brasil.
O ex-ministro do Turismo Gilson Machado foi preso nesta sexta-feira (13/06), no Recife, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele é investigado por supostamente tentar viabilizar um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, com o objetivo de facilitar sua saída do Brasil. A defesa afirma que não teve acesso ao conteúdo do processo nem foi informada sobre os motivos da prisão.
Após ser conduzido à Superintendência da Polícia Federal no bairro do Pina e realizar exame de corpo de delito no IML, Machado alegou inocência.
Em declaração à imprensa, afirmou que entrou em contato com o consulado português no Recife apenas para pedir a renovação do passaporte do pai, de 85 anos. “Não matei, não trafiquei drogas. Apenas pedi um passaporte para meu pai”, declarou.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a abertura de inquérito na última terça-feira (10/06). Segundo apuração da jornalista Andréia Sadi, a Polícia Federal encontrou no celular de Mauro Cid registros de uma tentativa, em janeiro de 2023, de obter cidadania portuguesa. Gilson Machado, segundo as investigações, teria atuado para conseguir o documento. Ele nega qualquer envolvimento com Cid.
Machado foi preso em sua casa, localizada no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A Polícia Federal apreendeu celular, carro e outros pertences do ex-ministro. Ele foi transferido para o Centro de Triagem e Observação Criminológica Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, onde permanece isolado dos demais detentos, por medida de segurança.
O advogado Célio Avelino informou que aguarda autorização para acessar o processo. “A defesa quer saber os motivos da prisão. Não houve explicação. Ele prestou depoimento e negou qualquer interferência para beneficiar Mauro Cid”, disse. A defesa solicitou formalmente ao STF acesso à decisão que embasou o mandado de prisão.
Antes da vida pública, Gilson Machado era conhecido como sanfoneiro da banda de forró Brucelose e empresário do setor de turismo. Ele está confirmado na programação oficial do São João 2025 em Caruaru, onde deve se apresentar no dia 24 de junho.
O Partido Liberal (PL), ao qual Machado é filiado, afirmou que acompanha o caso e aguarda o esclarecimento dos fatos pelas autoridades competentes.
O tenente-coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, chegou à sede da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (13) para prestar esclarecimentos sobre uma suposta intenção de usar a cidadania portuguesa para deixar o Brasil.
Mais cedo, equipes da PF em Brasília cumpriram mandados contra Mauro Cid.
Um mandado de prisão chegou a ser emitido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o militar – mas, segundo a defesa, essa determinação foi revogada e não chegou a ser cumprida.
A operação é motivada pela investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre uma suposta tentativa de Mauro Cid de obter um passaporte português e, em seguida, fugir do Brasil.
O plano teria a ajuda do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, que comandou a pasta na gestão Bolsonaro. Mais cedo, Gilson Machado foi preso em Recife por conta da mesma investigação, como revelou o blog da Andréia Sadi.
A advogada Vânia Bittencourt, uma das responsáveis pela defesa de Mauro Cid, afirmou à GloboNews que o militar e a família têm cidadania e carteira de identidade portuguesas – documentos que não dão livre trânsito pela Europa.
Segundo Vânia, Mauro Cid se dispôs a entregar a carteira de identidade portuguesa à Justiça brasileira. E não tem planos de pedir passaporte ou deixar o Brasil sem autorização.
Cid, Bolsonaro e outros 29 são réus por uma tentativa de golpe de Estado que, segundo a PGR, tinha o objetivo de manter o ex-presidente no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.
Passaporte português
Conforme a Polícia Federal, Gilson Machado teria atuado junto ao Consulado de Portugal em Recife (PE), em maio de 2025, a fim de obter a emissão de um passaporte português para Cid, o que teria a finalidade de viabilizar a saída de Cid do território nacional.
A Polícia Federal diz ainda que encontrou no celular de Cid arquivos que mostram que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tentou, em janeiro de 2023, a obtenção da cidadania portuguesa.