As falhas na comunicação tem levado o governo a rever ações e voltar atrás em decisões. O pix foi a recente repensada, veja.
A recente revogação da norma da Receita Federal que ampliava o monitoramento de transações financeiras, incluindo o Pix, demonstra a fragilidade da gestão e comunicação do governo Lula. Apesar da justificativa de proteção ao sigilo bancário e combate à desinformação, a condução do episódio mostrou falhas na transparência e planejamento estratégico.
O governo enfrentou uma onda de boatos e críticas que, embora exageradas, encontraram terreno fértil na desconfiança de parte da população. A norma, publicada em setembro de 2024 e revogada em janeiro de 2025, previa a notificação de transações acima de R$ 5.000 para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas, incluindo fintechs e bancos digitais. No entanto, a falta de uma comunicação clara e tempestiva permitiu que informações distorcidas sobre uma suposta taxação do Pix se espalhassem rapidamente.
A resposta do governo veio de forma reativa, com vídeos de Fernando Haddad e Lula tentando desmentir as fake news. Contudo, essas ações foram insuficientes para conter os danos já causados. Enquanto o ministro da Fazenda criticava “escrupulosos” que espalharam mentiras, a oposição, liderada por Jair Bolsonaro e Nikolas Ferreira, conseguiu se apropriar da narrativa, ganhando ampla visibilidade nas redes sociais.
O entrevo também revelou o despreparo do governo em lidar com a comunicação digital. Estratégias para combater a desinformação foram solicitadas às pressas, com agências de publicidade recebendo prazos apertados para apresentar soluções. Essa improvisação reflete a falta de planejamento preventivo e de uma estrutura eficiente para gerenciar crises de imagem.
Embora a revogação da norma tenha sido apresentada como uma medida para restabelecer a confiança no Pix, a decisão prova que a capacidade do governo de sustentar medidas complexas diante de pressões políticas é pífia. A ausência de um diálogo prévio com a sociedade e de campanhas educativas robustas contribuiu para o desgaste desnecessário da imagem do sistema financeiro digital.
A crítica não está apenas na revogação em si, mas no que ela simboliza: um governo que aparenta estar constantemente em modo de reação, em vez de antecipar os desafios. A administração Lula precisa reavaliar suas estratégias de comunicação e gestão para evitar que episódios semelhantes comprometam sua capacidade de implementar políticas públicas de longo prazo.
reportagem: DM
Original: www.dm.com.br/politica-3/governo-lula-falha-na-gestao-do-pix-e-revela-incompetencia-na-comunicacao-153270
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Quem criou o Pix? Entenda origem do meio de pagamento
O Pix caiu no gosto dos brasileiros. Desde seu lançamento, em 2020, o sistema de pagamentos instantâneos virou uma febre no país tanto por modernizar os mecanismos de transferências entre contas correntes quanto por simplificar pagamentos pelo celular, sem depender de cartões de débito. Para se ter ideia do sucesso, o sistema já foi até tema de festa de aniversário no Brasil. Apesar de ter sido lançado em 2020, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o serviço de transferências instantâneas começou a ser desenvolvido em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. Nas linhas a seguir, veja detalhes sobre a origem do meio de pagamentos do Banco Central do Brasil.
Afinal, quem inventou o Pix?
A gestação do Pix começou em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer e na gestão do ex-presidente do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn. Naquela época, a instituição formou um grupo de trabalho para construir um ecossistema de pagamentos instantâneos seguro e digital, segundo uma reportagem do Valor Econômico.
O processo de desenvolvimento do sistema durou cerca de dois anos. No começo de 2020, o BCB apresentou o Pix com uma proposta inovadora, até então. “Pagamentos e transferências iniciados com um simples toque no celular, por exemplo, realizados de forma intuitiva, rápida e segura, a qualquer dia do ano, sem limite de horário, e com o dinheiro imediatamente disponível ao recebedor”, apontava um comunicado de imprensa da instituição de fevereiro de 2020.
Ao longo dos próximos meses, o Banco Central realizou experimentos e divulgou as regras da plataforma, incluindo a gratuidade para pessoas físicas. No segundo semestre de 2020, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a autoridade monetária nacional começou a liberar o Pix aos usuários.
Segundo o Banco Central, o serviço acumulou mais de 140 milhões de usuários (pessoas físicas) até maio de 2023. Atualmente, a plataforma conta com novos serviços, além da transferência instantânea, como o Pix Saque e o Pix Troco. A instituição ainda pretende implementar novos recursos no futuro, como o Pix Débito Automático.
Com informações de Banco Central do Brasil (1, 2, 3 e 4) e Valor Econômico (1 e 2)