União Brasil está dentro do governo Lula e deve minar o avanço do plano de Ronaldo Caiado
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado UB (União Brasil), tem se movimentado em agendas públicas com a clara intenção de viabilizar sua candidatura à Presidência da República em 2026. Contudo, um dilema político ameaça minar seu projeto antes mesmo da largada oficial: seu próprio partido.
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Enquanto Caiado tenta se consolidar como uma voz da oposição ao governo federal, o União Brasil — legenda pela qual foi reeleito em 2022 — segue ocupando espaços estratégicos na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

- Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) vai assumir o Ministério das Comunicações no lugar de Juscelino Filho, denunciado sob acusação de desvio de emendas parlamentares.
- Celso Sabino (UB) – Comanda o ministério do Turismo

União Brasil dividido
O União Brasil comanda desde o começo do governo, em janeiro de 2023, o Ministério das Comunicações, responsável por políticas de telecomunicações, radiodifusão e serviços postais.
Com a saída de Juscelino, Lula optou por manter a pasta na cota do partido. O União Brasil, contudo, é marcado por uma divisão em relação ao governo e aos planos para as eleições de 2026.
Parte da legenda tem afinidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro e parte defende candidatura própria, como a do governador Ronaldo Caiado. Lucas é considerado integrante da ala governista da sigla.
O partido comanda, inclusive, o Ministério do Turismo, com o ministro Celso Sabino (UB), e tem mantido uma postura de aliança institucional com o Palácio do Planalto.
A pergunta que ecoa nos bastidores da política nacional é: como Ronaldo Caiado pretende lançar uma candidatura presidencial fazendo oposição direta ao governo Lula, se o seu partido está dentro do próprio governo?
Mais do que uma contradição, essa situação escancara o principal desafio de Caiado: construir um discurso coerente de oposição sem romper com o partido que, hoje, integra a base governista em Brasília. Além disso, a estrutura partidária do União Brasil, formada por lideranças com interesses regionais diversos — muitos dos quais afinados com o lulismo — não dá sinais de que abrirá mão da governabilidade para apostar numa candidatura de viés oposicionista.
Outro questionamento inevitável: o União Brasil estaria disposto a abrir mão dos espaços e benesses de estar no governo para apostar numa candidatura presidencial que enfrenta resistência até dentro da própria legenda?
Ou o nome de Caiado acabará sendo mais um movimento ensaiado de 2025 que se esvazia até a convenção partidária de 2026?
Com um perfil de direita conservadora, Caiado vem tentando se distanciar de Lula e se apresentar como alternativa ao bolsonarismo desgastado, buscando uma “terceira via” robusta no campo da centro-direita. Porém, sem o apoio formal e efetivo do seu partido, esse caminho se mostra cada vez mais estreito.
E agora Caiado?
Fontes próximas ao governador indicam que, caso a legenda não embarque no projeto, Caiado poderia até cogitar uma mudança de partido. Mas essa hipótese traz outros entraves: tempo de televisão, fundo partidário e alianças regionais, que são pontos cruciais para quem deseja disputar o Planalto.
Com isso, a situação de Caiado lembra o ditado político antigo: “não se entra em uma guerra sem saber quem está do seu lado”. E até agora, o União Brasil parece estar mais ao lado de Lula do que de qualquer projeto oposicionista para 2026.
O maior adversário de Ronaldo Caiado
O tempo dirá se Ronaldo Caiado conseguirá romper essa barreira interna e transformar sua ambição em candidatura. Mas, por ora, o maior adversário do governador pode não estar no PT, nem no bolsonarismo — e sim, no próprio ninho do União Brasil.