Novamente na mira da Polícia Federal:: Ex-governador usou embate político para desviar atenção de novas suspeitas de corrupção; em 2024, conseguiu habeas corpus para barrar operação
A autorização judicial da Operação Panaceia revela que o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) já tinha conhecimento prévio de que seria alvo de buscas da Polícia Federal (PF). Ciente da iminência da ação, ele intensificou sua estratégia de discurso político, alegando perseguição e tentando associar a operação ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), iniciando um debate com pauta fútil e pouco relevante: O Serra Dourada.
Na quinta-feira (6), agentes da PF cumpriram mandados na residência de Perillo, localizada em um condomínio de alto padrão em Goiânia. A investigação apura suspeitas de fraudes e desvio de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) em dois hospitais estaduais entre 2012 e 2018, período em que o tucano governava Goiás.
Além das buscas, os investigados, incluindo Perillo, tiveram bens bloqueados.
Veja também: De novo: Presidente do PSDB Marconi Perillo é alvo de operação da PF (06/02) sobre desvio de recursos da saúde
O inquérito foi interrompido em outubro de 2024, quando Perillo obteve uma liminar em habeas corpus. No entanto, em janeiro deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região determinou a retomada da investigação, estabelecendo um prazo de 90 dias para sua conclusão. A operação, originalmente autorizada em dezembro de 2023, havia sido adiada após o Ministério Público Federal (MPF) questionar uma decisão judicial que impedia a prisão de nove investigados.
Antecipando a ação policial, Perillo intensificou ataques a Caiado por meio de vídeos nas redes sociais. A estratégia seguiu a recomendação de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro (Kakay), que buscava associar a operação a uma suposta motivação política. Paralelamente, aliados do ex-governador disseminaram boatos de que a superintendente da PF em Goiás, Marcela Rodrigues de Siqueira Vicente, assumiria a Secretaria de Segurança Pública estadual, o que foi desmentido pelo governo.
Apesar da tentativa de vincular a operação ao governo de Goiás, a Panaceia tem alcance nacional e conta com a participação da Polícia Federal, do MPF, da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal. A investigação aponta que contratos da Organização Social Instituto Gerir, responsável pela gestão de hospitais estaduais entre 2012 e 2018, beneficiaram o escritório de João Paulo Brzezinski, advogado de Perillo. Relatórios indicam que o escritório recebeu R$ 4,79 milhões apenas da OS investigada, enquanto empresas ligadas ao advogado faturaram R$ 7,42 milhões no período.

Relembre a operação da polícia federal
O ex-governador de Goiás e atual presidente do PSDB, Marconi Perillo, é o principal alvo da Operação Panaceia, deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 6, para aprofundar uma investigação sobre desvios de recursos da Saúde. Policiais federais fizeram buscas na casa dele.
A reportagem pediu manifestação do ex-governador e do partido.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão – dez em Goiânia e um em Brasília. A 11.ª Vara Federal do Distrito Federal também determinou o sequestro de mais de R$ 28 milhões dos investigados.
A Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) afirmam ter encontrado indícios de desvios no governo estadual entre 2012 e 2018. As irregularidades envolvem a gestão de dois hospitais estaduais referência em atendimentos de urgência e emergência.
O inquérito foi aberto a partir de uma denúncia anônima. Segundo a investigação, os supostos desvios eram operados por uma organização social contratada para a gestão dos hospitais. Essa OS subcontratou empresas ligadas a políticos e a seus próprios administradores. Com isso, parte do dinheiro público retornou ao grupo investigado, aponta a PF.
A organização social recebeu mais de R$ 900 milhões em recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de contratos com o Estado de Goiás.
Os contratos de terceirização de serviços tinham objetos genéricos – alguns semelhantes -, sem definição de quantitativos e especificações das atividades, o que segundo a CGU tornou impossível a fiscalização da execução dos serviços. Os investigadores analisaram notas fiscais e documentos extraídos do sistema de prestação de contas do governo.
Os crimes investigados são peculato, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas em caso de condenação podem ultrapassar 40 anos.
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